Um jovem e seu tio resolvem viajar ao centro
 da Terra. Dirigem-se, então, à cratera de um vulcão na Islândia, que 
acreditam ser a porta de entrada para o interior do planeta. Na incrível
 aventura, encontram um mundo subterrâneo repleto de surpresas que vão 
de oceanos a dinossauros. Parece fantástico? E é, mas trata-se apenas de
 uma história de ficção. O livro 
Viagem ao centro da Terra, do francês 
Julio Verne, não se aproxima nem um pouco da realidade.
Até
 hoje, quase 150 anos depois do lançamento do livro, enveredar-se pelo 
interior do planeta é impossível para o homem e, ainda que a viagem se 
tornasse real, o que encontraríamos seria bem diferente.
A Terra é
 dividida em três partes principais: núcleo, manto e crosta. O núcleo é 
formado por ferro e níquel, metais que aparecem em estado sólido na 
parte mais interior e líquido na camada externa. Ao todo, o núcleo tem 
cerca de 7 mil quilômetros de diâmetro e corresponde a um terço da massa
 total do planeta.
“A segunda camada, que fica entre o núcleo e a 
crosta, é chamada de manto. Ela tem 2,9 mil quilômetros de espessura e é
 composta principalmente de silicato de magnésio e ferro”, conta o 
geólogo Roberto Cunha, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ao 
contrário do que muita gente pensa, o manto é sólido, e não líquido. “Em
 alguns locais, quando ocorre uma diminuição da pressão ou um aumento de
 temperatura – durante um terremoto, por exemplo –, uma pequena porção 
do manto pode se fundir, dando origem à lava dos vulcões”, explica o 
pesquisador.

A
 Terra tem, no total, 12,7 mil quilômetros de diâmetro. Sua estrutura 
está dividida em crosta (a parte mais externa), manto e núcleo (Imagem 
cedida pelo pesquisador)
 
Por fim, a última camada é a 
crosta terrestre, onde nós vivemos. Roberto explica que a espessura da 
crosta varia entre cinco quilômetros, no fundo dos oceanos, até mais de 
80 quilômetros, nos continentes. É nessa camada que se encontram rochas 
como granito e basalto.
Investigação subterrânea
Você
 deve estar se perguntando: como podemos saber o que realmente há em 
todas essas camadas do planeta, se é impossível chegar até o interior da
 Terra?
Alguns aparelhos especiais tentam perfurar a crosta 
terrestre para alcançar camadas mais profundas e retirar amostras para 
análise. “A perfuração mais profunda foi feita na Península de Kola, na 
antiga União Soviética, nos anos 1970, e atingiu cerca de 12 
quilômetros, mas o projeto foi encerrado”, conta Roberto. “Hoje, o navio
 japonês Chikyu está perfurando o fundo do Oceano Pacífico, perto da 
Nova Zelândia”.

O
 navio Chikyu (que quer dizer “Terra”, em japonês) tem como objetivo 
alcançar cerca de 7,5 quilômetros de profundidade, tentando atingir o 
manto da Terra. O projeto deve se estender até março de 2013 
 
Perfurar a crosta terrestre é um 
projeto caro e trabalhoso, mas existem outras formas de descobrir os 
materiais que formam a Terra. “Quando ocorre um terremoto, as ondas de 
choque – também chamadas ondas sísmicas – atravessam todo o planeta, 
sendo detectadas por uma rede de sismógrafos espalhadas pelo mundo”, 
explica Roberto (
saiba como funciona o sismógrafo na CHC 183).
 “A velocidade dessas ondas varia com o tipo de material que elas 
atravessam. Então, o atraso na velocidade de cada onda dá pistas sobre o
 material que foi atravessado”.
Além de ficar de olho nos 
terremotos, os cientistas usam simulações em computador para investigar o
 centro da Terra. “As simulações são importantes porque tentam 
representar as condições do interior do planeta, que são inacessíveis 
para nós”, ressalta o pesquisador. “Para fazer essas simulações, usamos 
dados das ondas sísmicas, do calor que emana da Terra e das lavas que 
são trazidas até a superfície pelos vulcões, entre outras informações”.
Fonte:http://chc.cienciahoje.uol.com.br/viagem-ao-centro-da-terra/